NO ATAQUE COM OTÁVIO

Otávio exalta Atlético e Milito, conta bastidores de título e revela sonhos no futebol; leia entrevista

Volante do Galo relembra negociações com o clube e avalia impacto de vitória sobre o Cruzeiro para sequência da temporada
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Prestes a completar 100 jogos pelo Atlético, o volante Otávio detalhou a trajetória no clube em entrevista exclusiva ao No Ataque, na última segunda-feira (15/4). O volante de 29 anos relembrou as negociações que culminaram na chegada à Cidade do Galo, comentou a chegada do argentino Gabriel Milito, as finais do Campeonato Mineiro contra o Cruzeiro e muito mais.

Logo no início do bate-papo, o camisa 5 alvinegro contou que a proposta do Atlético o fez mudar de ideia em relação à permanência na Europa, ao fim de 2021. Ele era titular no Bordeaux, da França, há mais de quatro anos e poderia permanecer no Velho Continente, mas optou pelo retorno ao Brasil

“Sonhava em ser vendido, jogar na Europa. Pretendia passar bem mais tempo. Não tinha como objetivo voltar jovem. Voltei com 27 anos. Eu pensava em ter mais tempo lá fora. Mas dentro de tudo que se preparou, de tudo o que aconteceu, com pandemia e todos os acontecimentos… Eu sempre coloco: nada na minha vida acontece por acaso. Estou aqui no Galo porque tudo foi propósito de Deus. Sei que estou aqui hoje não por acaso”, afirmou.

Otávio elogia Milito no Atlético

Otávio também elogiou os primeiros dias de Milito na Cidade do Galo. O atleta elogiou a decisão da diretoria do clube e mostrou empolgação com o novo comandante. 

Acho que foi muita assertiva a contratação do Milito pela qualidade do elenco e a maneira como o Milito e sua comissão chegaram: com ambição, cobrando, querendo. Aquela gana de vencer, conquistar títulos, vitórias, jogo a jogo. Isso foi muito importante. E a maneira de trabalhar, que é sempre tirando o máximo de cada atleta.

Otávio, volante do Atlético, ao No Ataque
Gabriel Milito, treinador do Atlético - (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Gabriel Milito, treinador do Atlético(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)

Final do Mineiro contra o Cruzeiro

O Atlético conquistou o pentacampeonato do Mineiro há quase duas semanas, mas o título ainda tem impacto no dia a dia dos atletas. Além de mencionar os reflexos da vitória sobre o Cruzeiro na confiança do elenco, Otávio relembrou a postura do time no Mineirão, onde o Atlético venceu o arquirrival de virada, por 3 a 1.

“Nós ficamos confiantes durante todo o tempo. Sabe quando você entra para a partida e, por mais que saiba que será difícil, você entra com a certeza da vitória? ‘Trabalhamos para isso, estamos preparados’. O grupo estava pronto para isso: ser campeão, pentacampeão, que era nosso maior objetivo. Continuar nessa sequência de títulos que era muito importante, principalmente depois de todo o ocorrido. Todas as cobranças, críticas do rival ter nos vencido em casa”, destacou o jogador.

Otávio no Atlético

Otávio vestiu a camisa do Atlético em 99 jogos e ajudou o time a conquistar quatro títulos: o Campeonato Mineiro nas últimas três temporadas e a Supercopa do Brasil, em 2022. 

Em 2024, ele participou de 11 partidas, sendo oito como titular. O contrato com o clube vai até junho de 2026.

No Ataque com Otávio: a seguir, você pode assistir ao conteúdo na íntegra. Ou então, se preferir, pode ler todo o bate-papo com o volante logo abaixo do player de vídeo a seguir.

No Ataque com Otávio: assista à entrevista na íntegra

No Ataque com Otávio: leia a entrevista

Otávio, para começar, queríamos perguntar sobre a sua relação com o Atlético. São quatro títulos em pouco mais de dois anos, quase 100 jogos… Já começa a pensar em renovação? Queríamos que você falasse de todo esse período no clube.

São dois anos e pouco, cheguei no início de 2022, conquistando títulos, graças a Deus. Uma relação muito boa, na qual fui muito bem recebido pelos atletas, comissão, diretoria. Os mineiros também, torcedores. Sem dúvidas, pretendo continuar por mais tempo. Continuar construindo uma história de muitos títulos e deixar meu nome marcado na história do clube, que vai ser muito importante.

A janela fechou recentemente. Chegou alguma proposta? Você tem se destacado nos últimos meses. Nesse período no Atlético, chegou algo que te balançou, mais concreto?

Eu não trabalho ouvindo especulações. As pessoas, imprensa, torcedores comentam sobre possíveis saídas. Eu deixo na mão dos meus empresários. Eles fazem parte disso há muitos anos. Eles tomam conta. Quando tiver algo concreto, aí sim eles me comunicam e a gente toma as decisões. Mas isso eu deixo por parte deles.

Desde o meio do ano passado, você conta com um serviço de consultoria tática individual. A empresa parceira analisa o seu desempenho nos jogos e dá instruções para que você evolua dentro de campo. Como surgiu o seu interesse por esse serviço e em quais pontos essa consultoria tem mais te ajudado?

Sem dúvidas, para mim, foi fundamental. Eu sabia que a minha volta para o Brasil, para o Galo, seria para ser um atleta referência para o clube, conquistar meu espaço, buscar ganhar títulos. Precisava. Já são dois anos e três meses com quatro títulos: Supercopa do Brasil e três Mineiros. É pouco ainda, por tudo o que eu tinha projetado. Preciso continuar evoluindo, continuar buscando. Eu precisava de algo a mais.

Continuo buscando. Trabalho fora do clube na parte física, procuro análise tática com o pessoal do Taticalizando para que eu possa evoluir meu estilo de jogo. A chegada da nova comissão também tem agregado muito. Graças a Deus, as coisas têm começado a acontecer. Mas ainda está longe do que eu penso que é o ideal, do que eu penso que eu posso apresentar para o clube.

Preciso continuar evoluindo, continuar crescendo e fazendo algo a mais, que é isso que um atleta de alto nível tem que buscar sempre. O diferente. Deixar o nome marcado na história do clube, não só com a passagem, mas com títulos, conquistas e ser um atleta referência para o clube, que é muito importante.

Otávio vive crescente no meio-campo do Atlético - (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Otávio vive crescente no meio-campo do Atlético(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Em quais aspectos você acha que mais evoluiu com a consultoria? Quesitos específicos do jogo: talvez de posicionamento defensivo, desarme…

É um contexto. A gente faz as nossas análises de pré e pós-jogo, referentes a posicionamento do corpo, recepção da bola, direção onde você vai encontrar espaço, debilidades do nosso adversário, pontos fortes… É um conceito em cada aspecto. No contexto geral, te agrega muita coisa. Claro que isso é aula teórica, que a gente tem que procurar acrescentar, mas na prática é que você executa tudo aquilo que a gente tem feito diariamente. Eu sempre que tenho reuniões de análise tática, também com a junção do que o clube junto com a comissão tem acrescentado para nós, isso no dia a dia vai nos fortalecendo e nos deixando cada dia mais completos – em todos os sentidos.

Voltando um pouquinho no tempo… Foram quatro temporadas e meia no Bordeaux, como titular absoluto na maior parte do tempo. Jogou Liga Europa, muita experiência europeia… Quais foram as principais lições desse período na França? Como isso agregou para a sua carreira?

Foi a realização de um sonho. Eu, como todo jogador brasileiro, iniciei me destacando jovem no Brasil. O clube formador foi o Athletico Paranaense. Sonhava em ser vendido, jogar na Europa. Pretendia passar bem mais tempo. Não tinha como objetivo voltar jovem. Voltei com 27 anos. Eu pensava em ter mais tempo lá fora. Mas dentro de tudo que se preparou, de tudo o que aconteceu, com pandemia e todos os acontecimentos…

Eu sempre coloco: nada na minha vida acontece por acaso. Estou aqui no Galo porque tudo foi propósito de Deus. Sei que estou aqui hoje não por acaso. Sempre quis ser um atleta que conquistasse títulos, um atleta com ambição de Seleção Brasileira e coisas grandes. Naquele momento, eu estava no Bordeaux já há quatro temporadas e meia. O clube até se pronunciou para renovar, teve algumas propostas da Europa, mas não agradou o meu planejamento de conquistar títulos.

Eu poderia falar: ‘Passei 10 anos no Bordeaux’. Mas do que é que você foi campeão? Nada. Então, assim, para um atleta de alto nível, eu acho que é muito importante ter título, conquistas, deixar seu nome marcado na história do clube. Naquele momento, o clube passava por uma troca de dono. Entrava um dono, saía outro. Tinha um planejamento, aí mudava.

Foi quando apareceram algumas propostas do Brasil. A do Galo, junto com a minha família, foi a que nós achamos, com todo o projeto, que era a ideal no momento. Fomos felizes em ter voltado. Eu estou muito feliz aqui. Como eu falei, conquistei alguns títulos, mas isso é pouco pensando em tudo o que a gente tem projetado individualmente e coletivamente. Também pela grandeza do clube, por tudo que o clube tem se organizado, se colocado para conquistar dentro do cenário nacional e internacional.

É só um início, e a gente tem toda a certeza de que foi a decisão mais acertada. Voltei para o Brasil, para o Galo, para conquistar títulos, para conquistar meu espaço no cenário nacional e representar a Seleção Brasileira, que acho que é o sonho de todo atleta de alto nível.

Otávio, a diretoria do Atlético sempre bate na tecla de apresentar um projeto para o jogador que está sendo contratado. No seu caso, teve alguma coisa que te chamou mais atenção, que facilitou a decisão de vir para o Atlético?

Sem dúvidas. No ano que eu recebi a proposta, no final de 2021, foi aquele ano mágico do clube – que tinha sido campeão de todas as competições, menos da Libertadores. Já estava com a decisão da Supercopa do Brasil marcada para o ano seguinte. Com um projeto para conquistar mais títulos, da inauguração da Arena MRV, o novo estádio. Ter uma ambição de ser o principal clube no Brasil, continuar conquistando títulos.

Sem contar com toda a história do clube, todo o projeto que o clube tem para o longo prazo. Sem dúvidas, dá uma ambição para o atleta que quer disputar coisas grandes. Ele se sente tocado quando tem uma proposta de um clube, principalmente no seu país. Dentro do cenário nacional, um clube muito grande, muito forte, com toda a ambição que tem para conquistar títulos, como você não quer fazer parte de tudo isso? Fazer parte de um clube campeão, um clube vencedor.

O Rodrigo [Caetano] estava na época, contou toda a história, todo o projeto, tudo o que o clube tinha pensando a curto, médio e longo prazo. ‘É para o Galo que eu quero voltar, é o clube que tem tudo para que eu possa realizar os meus sonhos profissionais e pessoais’. Foi quando eu e minha família decidimos.

Primeiramente, eu sempre falo: deixei nas mãos de Deus. Falei: ‘Se for para acontecer, que aconteça de uma forma natural. Sem ser forçado pelo lado meu ou do clube’. Foi como aconteceu, naturalmente, fazendo as coisas colocando Deus à frente. Voltei para o Brasil, para o Galo, e tenho certeza que foi plano de Deus.

Você citou o Rodrigo Caetano, que deixou o clube recentemente para trabalhar na CBF e ocasionou na subida de cargo do Victor. Mudou muito de um para o outro? A gente sabe que o diretor de futebol tem uma influência muito grande no dia a dia. Os dois são ex-jogadores, o Victor é um aprendiz do Caetano… Queríamos saber sobre essa mudança de perfil.

Perfil pessoal, a forma de lidar, cada um tem a sua maneira. O Rodrigo foi atleta muitos anos atrás, o Victor recentemente passou pelo clube, já conhecia mais o clube, os atletas… O Rodrigo já tinha um jeito mais ‘mandão’. O Victor já é mais ‘tranquilão’. Cada um tem suas pontualidades, suas maneiras. Mas a forma de gestão eu acho que é bem parecida. Faz pouquíssimo tempo que o Rodrigo saiu.

Não tem como falar: ‘Ah, o Rodrigo é desse jeito, o Victor é desse outro’. Eu acho que o prazo ainda está muito curto para a gente falar. Com o decorrer da temporada, dos anos, a gente vai ver a maneira com que cada um tem de administrar sua gestão. Espero que o Victor já inicie sendo tão vitorioso quanto o Rodrigo foi no clube, que vai ser muito importante para o Galo. 

O torcedor do tem demonstrado empolgação com esse início de trabalho do Milito. São cinco jogos [agora seis] de invencibilidade. Como foi essa chegada dele? O que ele tem trabalhado mais no dia a dia e pedido taticamente ao grupo?

Acho que foi muita assertiva a contratação do Milito pela qualidade do elenco e a maneira como o Milito e sua comissão chegaram: com ambição, cobrando, querendo. Aquela gana de vencer, conquistar títulos, vitórias, jogo a jogo. Isso foi muito importante. E a maneira de trabalhar, que é sempre tirando o máximo de cada atleta. Sabendo que tem um grupo de muita qualidade, você precisa mexer com cada um para que ele possa sentir, querer e buscar o desejo de jogar e fazer algo a mais, conquistar o espaço no campo.

A maneira como a gente treina diariamente: tática, técnica, fazendo com que cada setor trabalhe especificamente aquilo que o clube vai fazer. Ter um padrão de como defender, como marcar em zona baixa, média, alta, marcar pressão nos adversários. Querer ter a bola o tempo inteiro, demonstrar que quer vencer o tempo inteiro. Isso é muito importante. É início de um trabalho, mas tenho certeza que foi muita assertiva a contração, que vamos ter um ano muito sucesso e conquistas.

Individualmente, sabemos que é difícil porque cada jogo é um jogo. Mas o que o Milito tem orientado para os volantes? Mais especificamente na sua posição, de primeiro médio. O que ele tem conversado com vocês? E como tem sido a sua relação com ele e com a comissão?

Ele conversa com a gente o tempo inteiro. Comissão dele, principalmente nessa sequência que a gente está tendo de jogos. A cada dois, três dias a gente tem um jogo. É pouquíssimo tempo para quem vem atuando estar entrando no campo para treinar e fazer tudo aquilo que a gente teve na primeira semana quando ele chegou. Na primeira semana dele, a gente estava na Data Fifa. Foi onde a gente treinou todos os dias com ele, pudemos executar um trabalho.

Depois que começou a sequência de jogos, é mais na forma do diálogo e a gente tem que assimilar e colocar em prática. É um treino também. Cada sessão de vídeo que ele pega a gente para demonstrar os pontos que temos a melhorar, onde a gente acertou, onde tem que evoluir. Estrategicamente, como a gente vai enfrentar o adversário. Cada sessão que a gente faz ele fala: ‘Esse aqui é o momento no qual a gente está treinando. Você tem que estar concentrado, ligado, porque é um treino. Não é só um vídeo’. É um treino por conta do nosso calendário, que é muito curto. Você não tem tempo para executar em campo.

No dia a dia, a gente tem que conversar, falar. Ele mesmo fala: ‘O grupo da gente é bem inteligente taticamente’. Para quando ele fala, a gente assimilar e colocar em prática tudo aquilo que ele pede. Acho que pela experiência que têm os atletas do elenco, é muito importante para um técnico, comandante, quando chega, pegar um grupo com atletas que são capacitados para assimilar tudo aquilo o que ele pede de forma tática. Tecnicamente, é particular de cada atleta. Mas taticamente, é muito importante ter jogadores inteligentes para que possa dar certo – principalmente aqui no Brasil, com a sequência de jogos.

E ele sempre deixa bem claro que o meio-campo é o setor onde… A equipe que comanda o meio-campo, que tem o meio-campo forte, controla o jogo. Ele conversa muito com a gente, fala sempre que a gente tem que comandar as partidas. Dar ritmo no jogo, jogar o tempo inteiro – tanto na parte defensiva quanto ofensiva -, para que a gente possa ter mais possibilidade de vitória. Quando a gente controla as partidas o tempo inteiro, é mais fácil fazer gols e não sofrer. É muito importante. Ele tem sempre conversado, nos orientado para que a gente possa evoluir diariamente e conquistar nossos objetivos.

Otávio, volante do Atlético - (foto: Pedro Souza/Atlético)
Volante do Galo, Otávio durante jogo da equipe(foto: Pedro Souza/Atlético)

O torcedor também tem muita curiosidade sobre o dia a dia dos jogadores no clube. Dentro disso, gostaria que você falasse sobre as diferenças entre Felipão e Milito nos treinamentos e na relação pessoal com os atletas. Como o grupo recebeu a saída do Felipão? O que mais mudou nas últimas semanas na Cidade do Galo nesses dois aspectos?

Sem dúvida, o Felipão é um técnico com muita qualidade. Acho que o mais vitorioso em atividade no futebol brasileiro. Nacionalmente ele é muito forte, conhecido por toda a história que tem no futebol. Como pessoa, aprendi muito com ele, sou grato por todos os meses que a gente trabalhou juntos. Tem sua maneira de trabalhar, tem coisas que são de cada treinador.

A diferença é na forma que o Milito chegou, com ambição de querer vencer, de ganhar títulos, atualização de trabalho, dinâmicas todos os dias. Trabalhar com todos os atletas, movimentar todos de forma igual. Isso deixa todos de forma atenta. A gente nunca quer que fique mudando técnico, mas que quando aconteça, aconteça para que possa levantar o astral e melhorar os aspectos técnicos e táticos do clube. Acho que isso tem acontecido.

Não estou comparando nem falando que A ou B é melhor, o Felipão ou o Milito, mas dentro de tudo que vivemos nos últimos dias, acrescentado com toda sua comissão e ambição que eles têm apresentado diariamente, trabalhos diferentes, técnicos, colocando a gente no dia a dia para que a gente possa ter essa ambição e desejo de querer vencer é muito importante.

Otávio, o time vive um excelente momento desde a chegada do Milito e cada vez mais as competições vão se afunilando. Hoje, existe um foco do Atlético em algum torneio? Se não, como fazer para manter a intensidade com jogos a cada três dias?

Dentro do que nós atletas, clube, diretoria, o objetivo sempre é vencer tudo. Mas a prioridade é o próximo jogo. Nós temos que pensar jogo a jogo, para que lá na frente possamos colher os frutos. Não podemos falar: ‘Ah, vamos focar nisso e ser campeões’ e largar. Pela grandeza que tem o Galo, do projeto, comissão que tem, atletas, não pode abrir mão de nenhuma competição. Pela força do elenco, por tudo que temos feito no dia a dia. Temos que focar no próximo jogo.

Sempre o próximo é o mais importante, para que a gente a cada dia, passo a passo, vença. Conquiste nosso espaço, tendo cada vez mais força como grupo, dando respaldo aos torcedores, para que possamos alcançar os objetivos. Não podemos almejar nada daqui a dois meses, porque no futebol brasileiro as coisas mudam muito rápido. Se você pensa lá na frente, deixa de viver o hoje. Temos que viver o próximo jogo, fazer um grande jogo, e depois pensamos no próximo adversário. Lá na frente, em dezembro, comemorar as conquistas que merecemos.

Um aspecto que vai ser fundamental para a sequência positiva do Atlético na temporada é o apoio da torcida na Arena MRV. Dentro disso, um assunto tem sido muito debatido nos últimos dias, que é a acústica do estádio. Muitos acreditam que a Arena ainda não tem aquele clima de “caldeirão”. Para vocês, jogadores, existe muita diferença nesse sentido em comparação com o Mineirão, por exemplo?

Sem dúvida, nossa casa é a Arena MRV. A gente não pode querer jogar em outro estádio a não ser a Arena. Sobre o barulho, sem dúvida no Mineirão a gente sentia o barulho mais forte da torcida. Pressão, mais vibrante, o estádio vibrava mais. Na Arena MRV, na hora que a gente entra no estádio, é o momento mais vibrante. Não sei se é por conta de todo o espetáculo que o clube criou nesse início da partida. Depois, a gente até escuta, mas é que focamos na partida e não no externo.

Quando está lotado o estádio, a gente sente o barulho, mas não tão vibrante quanto a gente tinha no Mineirão. Se é um problema de acústica, aí já faz parte do pessoal do clube. Mas tenho certeza que o que for possível para o clube melhorar, ele vai fazer. Eu sinto que temos cada vez mais identidade de sentir a Arena MRV como nossa casa, um estádio no qual os adversários quando virem eles têm que se sentir intimidados com a força do nosso torcedor, e nós atletas demonstrarmos isso, que queremos vencer do primeiro ao último minuto.

Otávio, você se mostra um cara muito tranquilo até mesmo nos momentos negativos, tanto nas entrevistas quanto dentro de campo. Como é o trabalho mental para, por exemplo, se manter bem na final do Mineiro em um momento de adversidade? E dentro disso, qual a importância do psicólogo no dia a dia de vocês, jogadores?

É muito importante. Hoje o futebol tem todo um trabalho, muitas coisas que envolvem, mas o mental é tão importante quanto qualquer outra área – física, tudo que trabalhamos. Podemos estar uma ‘máquina’ fisicamente, mas se o mental não estiver uma máquina também, as coisas não vão fluir. Às vezes você nem vai estar tão bem fisicamente, mas se no mental estiver firme e forte, acaba fazendo as coisas melhor até do que um que está bem fisicamente.

Acho muito importante toda a preocupação, não só da comissão técnica, mas também do clube, de ter profissionais na área, psicólogos, para que a gente possa estar se fortalecendo cada vez mais. Particularmente, meu psicólogo é Deus, no qual eu me fortaleço espiritualmente, porque sei que recebemos uma pressão muito grande, tanto positiva quanto negativa. Quando as coisas acontecem das coisas que os torcedores e o clube esperam, você tem uma pressão positiva muito boa, mas que também pode te derrubar ou fazer te entrar na zona de conforto. Também acontece o inverso, aquilo que não esperamos, e aí tem uma pressão psicológica muito forte, negativa, que te pode jogar para baixo.

Não tem ser humano que possa ser melhor psicólogo do que Deus. É um momento no qual eu me fortaleço espiritualmente para que, tanto no momento bom quanto ruim, eu possa estar muito forte espiritualmente e mentalmente para que eu possa fazer meu trabalho no dia a dia e continuar crescendo e evoluindo independentemente da fase que estamos passando.

Ainda falando sobre o aspecto mental, o Atlético teve uma “prova”, que foi a final contra o Cruzeiro. O presidente do clube falou sobre as provocações do rival. Até que ponto isso influencia no desempenho dos jogadores dentro de campo? É uma motivação a mais?

Nós sabemos que dentro do futebol sempre vai ter o vencedor da partida – da vida não, mas da partida – e o perdedor. E aquele momento que o clube está por cima, que é o da vitória, é muito particular. Cada um faz o que achar melhor. Claro, sem desrespeitar a instituição. Tudo sempre é válido quando se tem respeito. Dentro de tudo que envolve o clássico, eu não vejo nada demais. Claro que não gosto, perder o jogo e chegar o atleta e zoar. A gente fica chateado. Ele está no momento dele. Desde que não falte com respeito, beleza.

Mas também quando eu vencer, meus companheiros ou os torcedores têm que estar preparados para escutar, ouvir. Sem dúvidas foi um jogo em que nós fomos muito fortes e preparados, principalmente mentalmente. Sabíamos das adversidades, momento propício para eles, jogando em casa, foram buscar um resultado que estavam praticamente derrotados (2 a 2 na Arena MRV), que foi praticamente uma vitória. Sabíamos que o nosso mental, primeiramente Deus, faria toda a diferença naquela partida.

O Milito mesmo falou que não importava como iria terminar em termos de placar. Iria se importar com o desempenho da equipe. É o que ele falou: ‘Podemos estar perdendo, mas desempenho é só fazer o que nós temos treinado e trabalhado, nosso plano de jogo, colocar em prática’. Se estivermos perdendo, continuar fazendo o que treinamos e trabalhamos, que depois a gente vê o que acontece. E não foi diferente.

Mesmo com tudo que estava envolvido, toda pressão e responsabilidade que o Cruzeiro jogou para nós, depois ainda fez 1 a 0. Nós falamos: ‘Ou continuamos fazendo tudo aquilo que trabalhamos… Acreditar o tempo inteiro, conversando, vamos, vamos virar’. E foi o que o Milito falou: ‘Mesmo se estiver perdendo, continua’. E as coisas aconteceram. Continuamos fazendo nosso trabalho, e o resultado veio. Deus abençoou com um lançamento, Saravia fazendo o primeiro gol daquela maneira. Depois, ele [Milito] joga o time todo para frente. Se perde, o pessoal fala que foi uma loucura. Mas nós fomos campeões, as coisas aconteceram. O fundamental foi a gente acreditar do primeiro ao último minuto e colocar em prática o que havíamos trabalhado.

Otávio, volante do Atlético, durante comemoração do título do Campeonato Mineiro de 2024 - (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Otávio, volante do Atlético, durante comemoração do título do Campeonato Mineiro de 2024(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Ainda sobre a final, como foi o bate papo no vestiário, no intervalo, e dentro de campo, após levar o gol do Cruzeiro?

Nós ficamos confiantes durante todo o tempo. Sabe quando você entra para a partida, e por mais que saiba que será difícil, você entra com a certeza da vitória? ‘Trabalhamos para isso, estamos preparados. O grupo está pronto para isso, ser campeão, pentacampeão’. Que era nosso maior objetivo. Continuar nessa sequência de títulos que era muito importante, principalmente depois de todo o ocorrido. Todas as cobranças, críticas do rival ter nos vencido em casa. Foi tudo preparado por Deus para que nós pudéssemos iniciar o ano com um grande feito, vencendo, com o Mineirão lotado, todos os torcedores e atletas do Cruzeiro comemorando até antes, achando que já estava vencido.

Antes de começar a partida, nos fechamos, falamos entre nós que seríamos campeões independentemente do que acontecesse, com a glória de Deus. Voltamos do intervalo com um 0 a 0, falamos que não iríamos tomar gol e que iríamos vencer. Levamos o gol no início do segundo tempo, mas mesmo assim continuamos acreditando. ‘Vamos vencer’. No final, fomos coroados com uma vitória por 3 a 1 e com um título maravilhoso. Não tem uma emoção tão grande quanto vencer o Cruzeiro no Mineirão lotado, só com torcedores deles. Ser pentacampeão e continuar com essa hegemonia de títulos em Minas Gerais. 

Imagino que um título como esse deixa o dia mais leve na Cidade do Galo. Como está sendo a convivência entre os jogadores e a comissão?

O clássico, o título em cima do rival vem para nos dar força, confiança. Colocar tudo aquilo que tinha dúvida, coloca até a certeza que estamos no caminho certo, de que temos um grupo forte. Para você jogar, trabalhar forte, sério, correto, colocar em prática tática e técnica todos os dias com derrota é muito difícil. No futebol, pode se ter o melhor ambiente, profissional, atleta, clube, estrutura, mas se não vencer nada disso vale.

Você tem que vencer, conquistar vitórias, ser campeão. Pode vencer 20 jogos, mas se não for campeão, não adiantou de nada. Tem que ser campeão para ter um ambiente bom e leve, um grupo sadio que quer vencer e trabalhar mais. Esse título foi muito importante para nós, nos dar força e confiança. Até para a comissão técnica fazer o trabalho no dia a dia sem o peso de não ser campeão. Te dá credibilidade.

Foi muito importante esse título. Estamos em uma sequência invicta, sem perder desde a chegada do Milito. É como eu falei: nada adianta se a gente sentar naquilo que foi construído. O que passou, passou. Agora é daqui para a frente, o próximo campeonato, o próximo jogo. Tem que ter ambição todos os dias. Não só no dia do jogo, mas no dia a dia. Com as vitórias, isso vem nos dando mais confiança e força para conquistarmos os objetivos.

Para fechar, vamos propor um jogo de respostas rápidas. Sem titubear, hein? (Risos).

Momento mais especial no Atlético?

Título no Mineirão contra o Cruzeiro.

Momento mais difícil?

Derrota na estreia da Arena MRV para o Cruzeiro.

Melhor amigo no clube?

Hulk.

Jogador mais resenha?

Arana.

Escolha um jogador do Atlético para cada tópico, sem repetir: velocidade.

Rubens.

Chute.

Hulk.

Passe.

Pedrinho.

Drible.

Alisson.

Para fechar, inteligência.

Zaracho.

Jogador mais difícil de se marcar no futebol brasileiro?

Acho que pela inteligência, o Arrascaeta.

O time mais difícil que enfrentou no Brasil?

Flamengo.

Na Europa?

PSG.

Um título para conquistar com o Atlético em 2024?

Libertadores.

Um sonho no futebol?

Ser campeão mundial pelo clube do qual eu faço parte, que é o Galo!

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