O ano de 2024 será eternamente lembrado pelos torcedores do Atlético por uma temporada de fortes emoções e frustrações das que marcam toda uma geração. Do penta estadual aos vices nas copas, com direito à drama na reta final da Série A do Campeonato Brasileiro, o Galo trilhou trajetória “do céu ao inferno” no decorrer dos últimos 365 dias. Neste 31 de dezembro, o No Ataque faz retrospectiva do ano alvinegro.
Para o Atlético, 2024 começou com expectativas modestas – ao menos no aspecto orçamentário – e terminou com “cicatrizes” que dificilmente serão esquecidas pela torcida. Desde o desgaste com Felipão até o êxtase frustrado com Milito, os alvinegros voltaram a lidar com o amargo sabor de ver taças importantes ficando pelo caminho.
Nova derrota em clássico e desconfiança
O primeiro episódio marcante da temporada do Atlético ocorreu em 3 de fevereiro, pela terceira rodada do Campeonato Mineiro. Na ocasião, no segundo clássico da história da Arena MRV, o Galo voltou a ser derrotado pelo arquirrival Cruzeiro – desta vez, por 2 a 0.
O novo resultado negativo diante da Raposa na “casa própria” voltou a gerar certa desconfiança por parte da torcida em relação ao trabalho do técnico Felipão. Com duas derrotas nos três primeiros compromissos do ano, o gaúcho começou o ano já pressionado no cargo.
Desgaste com Felipão e demissão
Com o decorrer das primeiras semanas de 2024, o Atlético seguia tendo dificuldades para apresentar desempenho consistente. Fora das quatro linhas, a relação de Felipão com a torcida se desgastava a cada entrevista coletiva pós-jogo, diante de algumas respostas ríspidas por parte do técnico.
Em 20 de março, mesmo após classificação à final do Campeonato Mineiro diante do América, diretoria e treinador chegaram a um acordo para rescisão consensual de contrato. A passagem do pentacampeão pelo Galo teve fim após 41 jogos, com 19 vitórias, 10 empates e 12 derrotas.
Contratação de Milito e documento vazado
Apenas quatro dias após a demissão de Scolari, o Atlético chegou a um acordo para a contratação do argentino Gabriel Milito. Multicampeão como zagueiro, o treinador ainda buscava afirmação como comandante.
Aquele 24 de março também foi marcado pelo vazamento do documento apresentado por profissionais do Galo ao técnico. Em mais de 30 slides, o clube detalhou a Milito o processo para a escolha do nome ideal para o cargo, projetos para o futuro da instituição e a busca pela prática de um modelo de jogo ofensivo.
Penta estadual reforça hegemonia
O início de Milito pelo Atlético foi arrasador. Com oito vitórias e quatro empates nos 12 primeiros compromissos, o “Marechal” rapidamente conquistou os corações atleticanos ao conduzir uma equipe até aquele momento agressiva e letal – além das entrevistas que demonstravam identificação com o clube.
O ponto alto da sequência veio logo nos primeiros dias de trabalho, com a conquista do pentacampeonato estadual. Com direito à virada épica sobre o Cruzeiro no Mineirão, por 3 a 1, o Galo ficou com a taça do Campeonato Mineiro pelo quinto ano consecutivo.
Desfalques, goleadas de concorrentes e instabilidade no Brasileiro
Na medida em que começava a trilhar caminho de sucesso nos mata-matas, o Atlético oscilava na Série A do Campeonato Brasileiro. Entre junho e julho, uma extensa lista de desfalques em virtude de convocações, suspensões e lesões “assolou” o grupo de Gabriel Milito – que chegou a contar com banco de reservas reduzido em alguns jogos da principal competição nacional.
Grandes concorrentes no cenário nacional, Palmeiras (4 a 0), Flamengo (4 a 2) e Botafogo (3 a 0) venceram o Galo sem maiores dificuldades no primeiro turno do Brasileirão. Os resultados já evidenciavam as irregularidades do elenco alvinegro, que não teve forças para lidar com as baixas.
Vice na Copa do Brasil com cenas de selvageria
Diante dos retornos de peças importantes, o Atlético conseguiu avançar nos mata-matas no segundo semestre. As trajetórias tiveram noites memoráveis, como as vitórias sobre Fluminense e River Plate-ARG na Arena MRV, pela Copa Libertadores, e o empate com “gol salvador” de Hulk diante do Vasco, pela Copa do Brasil.
Apesar disso, um duro roteiro para o Galo teria seu “primeiro capítulo” nos dias 3 e 10 de novembro, com derrotas diante do arquirrival Flamengo na decisão da Copa do Brasil – por 3 a 1 no Maracanã, no Rio de Janeiro, e por 1 a 0 na Arena MRV, em Belo Horizonte. O segundo jogo, inclusive, ficou marcado por cenas de selvageria no estádio do Atlético, com tentativas de invasão, brigas nas arquibancadas e arremessos de bombas em campo.
Vice na Libertadores com “faca e queijo em mãos”
Já com “ferida aberta” pelo vice diante do Flamengo, o Atlético chegou à final da Libertadores na busca por encerrar sequência de 10 jogos sem vitórias para erguer a principal taça do continente pela segunda vez na história. O que se viu dentro das quatro linhas no dia 30 de novembro, no entanto, foi nova atuação ruim de um time fragilizado – aparentemente com problemas de confiança por conta dos resultados das semanas anteriores.
Nem mesmo a expulsão do volante Gregore, do Botafogo, logo no primeiro minuto da partida, foi suficiente para “chacoalhar” o Galo. Com um jogador a mais durante praticamente toda a decisão no Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires, o Atlético foi inferior ao adversário carioca e perdeu, por 3 a 1, dando adeus ao sonho do bicampeonato.
Queda de Milito e drama na reta final da Série A, com alívio ao fim
Abalado emocionalmente, Milito dava sinais de que não teria forças para seguir no cargo após a decisão da Libertadores. Em 4 de dezembro, depois de derrota atleticana para o Vasco, por 2 a 0, na 37ª rodada do Campeonato Brasileiro, o vestiário do Estádio São Januário, no Rio de Janeiro, foi palco da despedida do argentino – com direito a choros do zagueiro/volante Rodrigo Battaglia e do atacante Deyverson na saída do local.
A irregularidade na Série A era tão grande que o Galo chegou à última rodada do Brasileirão com possibilidade real de rebaixamento à Série B. A vitória “no apagar das luzes” diante do Athletico-PR (1 a 0), de toda forma, afastou o pesadelo e garantiu o clube mineiro na próxima edição da Copa Sul-Americana.
Pressão sobre a diretoria e chegada de Cuca
As últimas semanas de 2024 foram marcadas por pressão de boa parte da torcida nas redes sociais em direção à diretoria. Com exigências por mais investimentos no futebol e contratações de peso, atleticanos chegaram a promover protesto na sede do clube, além da instalação de faixas nos arredores da Arena MRV.
Até então, o Atlético ainda não anunciou reforços para a próxima temporada. No último domingo (29/12), o Galo fechou a contratação do técnico Cuca, nome histórico da instituição, com contrato até dezembro de 2026.
Para o torcedor, ficam as memórias de um ano traumático dentro e fora das quatro linhas. Além, é claro, da esperança por um 2025 melhor.