Cada vez mais, a situação do América-MG se mostra complicada. O treinador Vagner Mancini tentou de várias maneiras, utilizou mais de 90% dos jogadores de linha disponíveis nos últimos quatro jogos, mas os erros seguem sendo protagonistas do Coelho. A má fase faz parte dos últimos 40 dias americanos.
Desde o início do Campeonato Brasileiro de 2023, nenhuma equipe da Série A sofreu mais gols que o América-MG. E a infeliz liderança da equipe mineira nesse quesito conta com uma larga vantagem, principalmente após a derrota para o Defensa y Justicia-ARG por 3 a 2 nessa terça-feira (23/5), no Independência, pela Copa Sul-Americana.
A partir de 15 de abril, o Coelho sofreu 24 gols em 12 jogos, tendo assim média de exatos dois gols por partida. O segundo time que mais foi vazado desde o início do Brasileiro é o lanterna Coritiba: 18 vezes desde então.
Vale destacar que a equipe de Mancini, neste recorte de 12 jogos, passou apenas duas partidas sem sofrer gols e ambas foram pela Copa do Brasil: contra o Nova Iguaçu, equipe de Série D, em 26 de abril, e diante do Internacional, que tinha um jogador a menos durante boa parte do segundo tempo
Porém, a má fase do América-MG não passa apenas pela defesa. Mancini promoveu mudanças em todos os setores, e o time não se acerta. Em vários momentos, parece faltar ânimo dentro de campo. Aparentemente, nem os jogadores acreditam que o time pode sair desta situação. É preocupante.
Tentativas de Vagner Mancini
O técnico do América-MG entendeu que seriam necessárias mudanças antes mesmo do jogo contra o Cruzeiro, em 14 de maio. Porém, a goleada por 4 a 0 diante do rival, como mandante, foi a gota d’água para Mancini acelerar testes.
Alguns resultados recentes até podem mascarar o momento americano, porém o triunfo por 2 a 1 contra o Fortaleza, em 20 de maio, e, principalmente, a vitória por 2 a 0 sobre o Internacional deixam claro que o Coelho ainda precisa de ajustes. E isso ficou ainda mais evidente contra o Defensa y Justicia-ARG.
Utilização de todo o elenco
O América-MG, atualmente, tem 35 jogadores à disposição no elenco, segundo site oficial do clube – já deixando de lado os laterais Arthur, negociado com a Europa, e Nino Paraíba, que teve o contrato rescindido após envolvimento no escândalo de apostas.
Em meio a este grupo de 35 atletas, quatro estão no departamento médico há algumas semanas: Adyson, Dadá Belmonte, Luan Campos e Matheusinho. Dessa forma, sobram 31 nomes podem ser utilizados por Mancini, mas, em meio aos quatro goleiros, o técnico está utilizando apenas Cavichioli e Pasinato atualmente.
Logo, com 27 atletas de linha à disposição, Mancini iniciou um claro rodízio: utilizou 25 jogadores diferentes nas últimas quatro partidas, o que significa que o técnico americano usou 92,6% do elenco disponível em 10 dias. É, realmente, ele deu chances aos jogadores.
Rodriguinho e Henrique Almeida são os únicos atletas de linha listados no site do clube que não entraram em campo nas últimas rodadas. O meia da base, de 19 anos, foi relacionado apenas duas vezes nesta temporada e ainda não jogou em 2023. Já o experiente atacante, de 31 anos, foi titular na estreia no Brasileiro, contra o Fluminense, entrou no segundo tempo contra o São Paulo, em 22 de abril, e, desde então, não atuou.
Troca da formação
Tradicionalmente, o América-MG de Vagner Mancini atua em um 4-2-3-1, que indica um time com dois pontas velocistas e um armador. Em muitos momentos, Everaldo e Felipe Azevedo foram os extremos, enquanto Martín Benítez foi o criador.
Porém, nas últimas quatro partidas, entendendo a necessidade de tentar inovar para mudar a fase do time, Mancini optou por alterações significativas. Uma destas foi a utilização de Aloisio como ponta-esquerda diante do Cruzeiro, que até funcionou no início do jogo, mas um erro da equipe, geralmente, faz todo o time desandar, como ocorreu no clássico.
Já a mudança no esquema mais marcante foi vista na derrota para o Defensa y Justicia-ARG, nessa terça-feira. Mancini optou por um claro 3-5-2, com Ricardo Silva, Júlio e Nicolas na zaga, Mateus Henrique e Marlon como alas, Alê, Juninho e Benítez no meio, e uma dupla de ataque com Mastriani e Aloísio.
Tentativas válidas, mas…
A rotação de Mancini é compreensível e deu oportunidade para jovens, como Breno, mostrarem que podem estar à disposição – ele marcou gol contra o Fortaleza. As mudanças táticas possibilitam variações ao longo da temporada. As tentativas foram válidas, mas o momento do América-MG vai muito além disso.
O time está “derretendo” quando sofre gols. Qualquer boa atuação desaparece após um revés defensivo. Depois disso, o bom desempenho deixa de existir. É preocupante. É uma questão psicológica. Ainda está em tempo de se recuperar na temporada. Mas o custo desse tempo pode ser bem caro ao notar a importância de permanecer forte no futebol brasileiro.