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Vôlei: campeão olímpico elogia Darlan, mas aponta dificuldade que oposto terá na Seleção

Campeão da Superliga e eleito o melhor jogador da competição, Darlan vive o melhor momento da carreira no vôlei
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Campeão da Superliga e eleito o melhor jogador da competição, Darlan vive o melhor momento da carreira no vôlei. Xodó da torcida, o oposto é um dos destaques da nova geração – já que ele tem apenas 21 anos. O jogador foi elogiado por Lucão, campeão olímpico e central da Seleção Brasileira, que apontou possível dificuldade que o novato pode enfrentar.

Darlan levantou o troféu da Superliga Masculina na manhã deste domingo (28/4), no ginásio Geraldão, no Recife, após o Sesi bater o Campinas por 3 sets a 0. O oposto foi o maior pontuador da competição – foram impressionantes 626 bolas no chão pelas mãos do jogador.

Em entrevista exclusiva ao No Ataque, Lucão, icônico central da Seleção e campeão com a Amarelinha nos Jogos Olímpicos do Rio (2016) – e prata em Londres (2012) -, rasgou elogios a Darlan. Cotado para a Seleção, o jovem oposto pode encontrar certa dificuldade, conforme apontado pelo veterano.

“Clube é diferente de Seleção Brasileira. Ele tá em um clube onde ele é a referência, principal atacante do time, ele tem essa responsabilidade e está conseguindo assumir. É uma coisa que eu vi ele evoluir muito do ano passado para este ano, ele tá mais constante, os altos e baixos dele pararam de acontecer”, começou Lucão.

O central disse que Darlan foi essencial no Pré-Olímpico. O jovem foi o maior pontuar da partida que deu a vaga a Paris, diante da Itália. Para a Olímpiada de 2024, Bernardinho será o comandante da Seleção, após Renan Dal Zotto decidir deixar o cargo para cuidar da família.

“Ele ajudou a gente demais no Pré-Olímpico, ele tirou a gente de umas enrascadas que eu falava “pelo amor de Deus, se ele não tivesse feito o que fez no saque, provavelmente não teria tido algumas vitórias”, falou.

Dificuldade para Darlan

Lucão ressaltou que a briga pela posição na Seleção é ‘dura’. Na concorrência dos opostos tem Alan, irmão de Darlan, Wallace, do Cruzeiro, Abouba, do Tour (FRA), Chizoba Neve, do Nantes (FRA) e Felipe Roque, do São José-SP. O jogador ressaltou que a ‘missão’ é manter a hegemonia com a camisa brasileira.

“Só que a briga de Seleção é feia, tem outros mais três, quatro querendo pegar o calcanhar dele. Ele vai ter que sofrer bastante, querer muito, e é no dia a dia que ele vai mostrar o quanto ele está preparado para mostrar. Às vezes é muito fácil você chegar na Seleção Brasileira e fazer um bom campeonato. O difícil é você manter vários anos de Seleção Brasileira, porque os outros times começam a te conhecer”

Lucão, central da Seleção Brasileira

Além disso, Lucão apontou que a pressão também é bem maior, se comparado à época em que ele assumiu a Seleção. Aos 38 anos, o central é uma das grandes referências do Brasil – e do Cruzeiro, clube que defende na Liga Nacional.

“Mas a gente tem uma geração que vai, a partir do próximo ano, ter uma mudança muito grande na Seleção. Eu vejo que a gente precisa ter uma criação de novos líderes ali dentro, vai precisar ter uma mudança muito rápida, que tinha antes e vai voltar a ter, que é uma Seleção de novos”, iniciou o jogador.

“Essa geração sofre muito esse gap entre o juvenil e o adulto. Eles começam a sofrer uma pressão muito maior do que a gente sofria. Isso a gente vai ter que perceber com o tempo, quanto jogadores vão ter que se adaptar, quanto eles vão ter que suportar essa camiseta, porque não é fácil. É uma camisa que vem vencendo nos últimos 20, 25 anos. Não venceu tudo, mas vence. Tá sempre demonstrando que vence. Vem sempre trazendo títulos, medalhas. Isso é uma responsabilidade grande”

Lucão, do Cruzeiro

Saúde mental no vôlei

O central salientou a importância de trabalhar o mental no vôlei. Com as grandes responsabilidades, a pressão pela vitória fica ainda maior. Contudo, Lucão alertou que a opinião das pessoas não deve dominar o entendimento de quem está em quadra.

“Quando você não segue vencendo, essa responsabilidade se torna maior e a cobrança também. A gente vive num mundo que a geração dá muita bola para uma coisa chamada rede social. Que muitas vezes pode destruir a carreira de uma pessoa. Quantos casos a gente não vê de pessoas sofrendo de síndrome do pânico, com depressão, não querendo jogar voleibol, por não aguentar a pressão”, comentou.

Não acho que quando estão te elogiando demais você está bem, que é o cara. E também não acho que quando estão te criticando demais você é um ruim, que não tem condições de ser. Você precisa entender o quanto joga e buscar o feedback de quem joga com você, do seu técnico, que quer que você cresça e esteja bem”, disse o central.

Darlan na Superliga

Com a vitória sobre o Campinas, o Sesi voltou a conquistas a Superliga após 13 anos. O último título havia sido em 2011. Na ocasião, derrotou o Cruzeiro – maior campeão do torneio.

Destaque da equipe, Darlan contou com a torcida da mãe, dona Cida, no ginásio. O oposto comemorou o título e garantiu que caso seja convocado, o foco será na Seleção Brasileira.

“Acho que não consigo assimilar tudo que está acontecendo esse ano, ano passado. Agora é desfrutar um pouco desse momento. Que momento único. Estou sem palavras, não sei o que dizer. Agora é comemorar. Agora que a Superliga acabou, se eu for convocado, o foco será a Seleção”

Darlan, oposto do Sesi

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