A central Carol Gattaz e a líbero Camila Brait seguem como exemplos para Zé Roberto Guimarães, técnico da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei, mesmo quatro anos após a conquista da medalha de prata na Olimpíada de Tóquio 2020 – que foi disputada em 2021 por causa da pandemia do coronavírus. O treinador citou as duas atletas, em entrevista exclusiva ao No Ataque, ao dar conselhos às atuais jogadoras.
Primeiramente, José Roberto Guimarães fez questão de destacar que está monitorando todas as atletas. Trinta nomes foram inscritos para a disputa da Liga das Nações de Vôlei, mas apenas 18 jogadoras – veja a lista no fim da matéria – fazem parte do elenco que busca o título inédito da Seleção – são três medalhas de prata da VNL, torneio criado em 2018.
Enquanto Zé comanda os treinamentos com esse grupo “reduzido”, outras jogadoras estão no Centro de Treinamento da Seleção Brasileira de Vôlei como convidadas ou pelas seleções de base. Os times nacionais de atletas mais novas também estão se preparando em Saquarema, no Rio de Janeiro, pela primeira vez, em uma mudança feita pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) que foi elogiada pelo técnico.
“Tem jogadoras que precisamos dar chance e ver, mas não tem como fazer isso só na Seleção. Não tem tempo e nem jogos para isso. Agora, com essa abertura [presença das seleções de base], dá para a gente ver e sentir mais, porque aqui, infelizmente, não dá para ficar ensinando a jogar. A gente traz como convidada, vê, analisa e […] sai daqui com várias informações para que um dia possa voltar. Não quer dizer que foi cortada hoje e que não vai ter possibilidade de jogar amanhã”
Zé Roberto Guimarães, lenda do vôlei
Brait e Gattaz são exemplos, diz Zé Roberto Guimarães
Ao falar sobre a falta de espaço para algumas atletas, Zé Roberto Guimarães lembrou de duas que foram preteridas pelo mesmo técnico, continuaram em alto nível e conquistaram a prata na Olimpíada de Tóquio 2020. Para o treinador, Carol Gattaz e Camila Brait são exemplos para as atuais jogadoras não desistirem caso a concorrência atrapalhe as idas para a Seleção.
Embora tenha feito parte do ciclo de Londres 2012 e Rio de Janeiro 2016, a líbero Camila Brait, que joga no Osasco desde 2008, só disputou os Jogos Olímpicos em 2021 e conseguiu subir ao pódio pela Seleção aos 32 anos. Já Carol Gattaz, multicampeã no Minas e atual central do Praia Clube, ficou fora de três edições olímpicas – incluindo Pequim 2008, quando foi cortada poucos dias antes – e foi para Tóquio 2020 aos 40 anos, alcançando o sonho que carregou durante a carreira.
“Você vê, por exemplo, Camila Brait e Carol Gattaz. Foram jogadoras que acreditaram no sonho até o fim. Elas não desistiram. A Carol é uma grande jogadora, só que a disputa dela era uma disputa sempre difícil [Fabiana e Thaisa, principalmente], assim como a Camila, quando tinha a Fabi e a Léia, que são grandes jogadoras. Mas assim, elas não desistiram e foram para a Olimpíada de Tóquio. E realizaram um excepcional trabalho. A vida é assim”
José Roberto Guimarães, técnico da Seleção Brasileira
Além de citar as ex-comandadas, Zé Roberto usou a própria carreira como jogador como exemplo. “Eu também fui cortado de várias seleções, mas o que não pode é desistir na primeira ou na segunda. Insiste, melhora, evolui, investe, cresce, que é só dessa maneira. […] Percebi que não era um jogador talentoso, então eu olhava onde os talentosos paravam para trabalhar mais que eles”, disse o ex-participante como atleta da Olimpíada de Montreal 1976 – Brasil ficou na sétima colocação.
Até pela experiência no assunto, Zé Roberto deu um conselho às atletas que se frustram por não serem convocadas para a Seleção. “Muita gente fala que quer jogar na seleção, quer ser campeã, mas tem um preço a pagar. Esse preço não é financeiro, esse preço é de sacrifício. E tem gente que é mais talentosa e tem gente que é menos talentosa. E aí quem não é tão talentosa, tem que treinar mais, correr mais, investir mais. Não tem jeito. ‘Papai do céu’ não deu o mesmo talento para todo mundo”, disse Zé Roberto, que seguiu.
“Qual é o preço do sacrifício que você quer fazer para se tornar uma grande jogadora? Não coloquem a culpa só nos outros: ‘Ah, porque o técnico não gosta de mim, porque o técnico gosta mais da outra’. Corra. Todo mundo que corre, que se dedica, é visto. Queira mais, se comprometa mais, faça mais. Entendeu? Sempre existe a possibilidade. Você só tem que ser melhor que a outra, apresentar números melhores”, concluiu o treinador.
Jogadoras da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei na VNL no Rio de Janeiro
Centrais
- Diana, 26 anos, Türk Hava Yollari (THY) -TUR
- Júlia Kudiess, 22 anos, Minas
- Lanna, 25 anos, Barueri
- Lorena, 25 anos, Flamengo
- Luzia, 21 anos, Barueri
Ponteiras
- Aline Segato, 19 anos, Barueri
- Ana Cristina, 21 anos, Fenerbahçe-TUR
- Helena, 20 anos, Flamengo
- Júlia Bergmann, 24 anos, Türk Hava Yollari (THY) -TUR
Opostas
- Jheovana, 24 anos, Barueri
- Kisy, 25 anos, Minas
- Rosamaria, 31 anos, Denso Airybees-JAP
- Tainara, 25 anos, Shanghai Bright-CHI
Levantadoras
- Macris, 36 anos, Praia Clube
- Roberta, 35 anos, Türk Hava Yollari (THY) -TUR
Líberos
- Laís, 29 anos, Flamengo
- Kika, 29 anos, Minas
- Marcelle, 23 anos, Fluminense
Jogos da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei na VNL no Rio de Janeiro
4/6 (quarta-feira)
- 17h30 – Brasil x República Tcheca
5/6 (quinta-feira)
- 21h – Brasil x Estados Unidos
7/6 (sábado)
- 13h30 – Brasil x Alemanha
8/6 (domingo)
- 10h – Brasil x Itália