CLÁSSICO MINEIRO

Atlético x Cruzeiro é clássico que vale ‘cinturão do futebol brasileiro’; entenda

Duelo valendo o 'cinturão' entre Atlético e Cruzeiro ocorrerá no sábado (20/4), na Arena MRV, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro
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Atlético e Cruzeiro protagonizarão um clássico que vale o ‘cinturão do futebol brasileiro’. No campo da Arena MRV, na noite de sábado (20/4), às 21h, no duelo da terceira rodada do Campeonato Brasileiro, estará em jogo mais do que três pontos. Em casa, o Galo pode tirar um prêmio simbólico que atualmente pertence à Raposa. 

A pesquisa do jornalista Michael Serra, que considera a primeira partida oficial no Brasil em 1902 até os dias atuais, conta a história do futebol brasileiro em forma linear. Como no boxe e MMA, o detentor do cinturão fica com a premiação até ser derrotado por um desafiante. Só que, em caso de empate, a equipe se mantém no posto.

Atualmente, o Cruzeiro detém o cinturão. A Raposa o conquistou ao ganhar do Botafogo por 3 a 2, domingo (14/4), no Mineirão, pela rodada de abertura do Campeonato Brasileiro. O time mineiro manteve o troféu simbólico com o empate por 1 a 1 diante do Fortaleza, nessa quarta-feira (17/4), na Arena Castelão, na segunda rodada da Série A.

Atlético x Cruzeiro com o cinturão em jogo

No sábado (19/4), o Atlético poderá tirar o cinturão do rival, porém, esse duelo “valioso” não é novidade na história do clássico mineiro. Em 17 ocasiões, Galo e Raposa se enfrentaram em duelos que valiam o prêmio simbólico.

A primeira vez foi em 30 de maio de 1970, quando o Cruzeiro era o dono do cinturão e empatou com o rival por 2 a 2. Já a última foi há quase dez anos, no jogo de ida da final da Copa do Brasil. Na ocasião, em 12 de novembro de 2014, o Atlético bateu o adversário local e seguiu com a honraria. 

Em meio aos 17 confrontos, apenas duas vezes um time tomou o cinturão do rival. E, nessas duas oportunidades, o Atlético foi responsável por mudar a posse. Em 1º de dezembro de 1985 e 27 de abril de 1986, o Galo enfrentou o Cruzeiro como dono do cinturão e “roubou” ao derrotar o rival.

Portanto, o jogo deste sábado será a nona defesa do Cruzeiro em clássicos, que tentará melhorar o aproveitamento de 75% nessas situações, já que seguiu com o cinturão em seis das oito ocasiões.

Clássicos entre Atlético e Cruzeiro com a disputa do ‘cinturão do futebol brasileiro’

Em negrito está marcado o time que entrou no clássico com a posse do cinturão.

  • 30/05/1970: Cruzeiro 2 x 2 Atlético – Mineirão – Taça BH
  • 02/08/1970: Atlético 2 x 1 Cruzeiro – Mineirão – Campeonato Mineiro
  • 20/09/1970: Atlético 1 x 0 Cruzeiro* – Mineirão – Campeonato Mineiro
  • 25/10/1970: Cruzeiro 1 x 1 Atlético – Mineirão – Robertão
  • 20/04/1975: Cruzeiro 1 x 0 Atlético – Mineirão – Campeonato Mineiro
  • 06/07/1975: Atlético 1 x 0 Cruzeiro – Mineirão – Campeonato Mineiro
  • 27/10/1985: Atlético 1 x 1 Cruzeiro – Mineirão – Campeonato Mineiro
  • 17/11/1985: Atlético 0 x 0 Cruzeiro – Mineirão – Campeonato Mineiro
  • 01/12/1985: Cruzeiro 1 x 3 Atlético – Mineirão – Campeonato Mineiro – tomou o cinturão do rival
  • 08/12/1985: Cruzeiro 0 x 0 Atlético – Mineirão – Campeonato Mineiro
  • 11/12/1985: Atlético 2 x 2 Cruzeiro – Mineirão – Campeonato Mineiro
  • 15/12/1985: Atlético 1 x 0 Cruzeiro** – Mineirão – Campeonato Mineiro
  • 02/03/1986: Atlético 2 x 0 Cruzeiro – Mineirão – Campeonato Mineiro
  • 27/04/1986: Cruzeiro 0 x 1 Atlético – Mineirão – Campeonato Mineiro – tomou o cinturão do rival
  • 23/02/2002 – Atlético 1 x 1 Cruzeiro – Mineirão – Copa Sul-Minas
  • 15/02/2003 – Cruzeiro 4 x 2 Atlético – Mineirão – Campeonato Mineiro
  • 12/11/2014: Atlético 2 x 0 Cruzeiro – Independência – Copa do Brasil

* jogo terminou em 1 a 1, que manteria o cinturão nas mãos do Atlético, mas o Tribunal de Justiça determinou a vitória pela escalação irregular e proposital, segundo o Almanaque do Cruzeiro, do zagueiro Brito pela Raposa.

** resultado garantido na prorrogação.

Regulamento

O regulamento do Cinturão do Futebol Brasileiro determina que a coroa segue com o atual titular em caso de vitória ou empate. Assim, o desafiante só assume o posto de campeão se vencer o confronto.

Confira abaixo algus critérios

  • São considerados somente jogos de torneios oficiais. Ou seja, partidas organizadas por federações competentes e que estejam (ou que estivessem) no calendário de competições dessas entidades.
  • São considerados somente os confrontos entre dois times brasileiros.
  • São consideradas as disputas entre dois times brasileiros por competições internacionais ou ainda sediadas fora do Brasil.
  • Em caso de um mesmo time jogar duas competições oficiais em uma mesma data, valerá o Cinturão apenas o jogo da equipe considerada principal daquele clube, no torneio de mais elevado nível técnico da pirâmide do futebol brasileiro.
  • Um campeão perde o Cinturão quando é derrotado durante o tempo regulamentar de jogo, na prorrogação, ou mesmo em disputa de pênaltis.
  • Caso um time vença a partida mas seja derrotado nos pênaltis, perde o Cinturão.
  • O campeão não perde o Cinturão após um empate em jogo normal, sem penalidades posteriores.

A disputa pelo cinturão

O cinturão tem caráter simbólico, pois não há qualquer reconhecimento por parte de federações. Todavia, vale navegar pelo levantamento de Michael Serra (e colaboração de André Andrade Silva) para descobrir que agremiações pouco conhecidas no Brasil, casos de Inhumas-GO, Santa Quitéria-MA, Sorriso-MT e Montenegro-SP, já superaram quem ganhou de Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Flamengo, Vasco e outros.

O Palmeiras começou 2024 defendendo o cinturão, mas perdeu a final da Supercopa do Brasil para o rival São Paulo. O título simbólico ainda passou por Ponte Preta, Bragantino e Botafogo antes de chegar ao Cruzeiro.

Cinturão do Futebol Brasileiro em 2024

  • 21/01/24 – Novorizontino 1×1 Palmeiras – Paulistão
  • 24/01/24 – Palmeiras 3×2 Inter de Limeira – Paulistão
  • 28/01/24 – Palmeiras 2×1 Santos – Paulistão
  • 31/01/24 – Bragantino 0x1 Palmeiras – Paulistão
  • 04/02/24 – Palmeiras 0x0 São Paulo (2×4 nos pênaltis)* – Supercopa do Brasil
  • 07/02/24 – São Paulo 3×0 Água Santa – Paulistão
  • 10/02/24 – Ponte Preta 2×0 São Paulo – Paulistão
  • 14/02/24 – Bragantino 1×0 Ponte Preta – Paulistão
  • 17/02/24 – São Paulo FC 2×2 Bragantino – Paulistão
  • 24/02/24 – Ituano 0x1 Bragantino – Paulistão
  • 03/03/24 – Bragantino 1×0 Santos – Paulistão
  • 06/03/24 – Botafogo 2×1 Bragantino – Libertadores
  • 10/03/24 – Sampaio Corrêa-RJ 1×2 Botafogo – Taça Rio
  • 13/03/24 – Bragantino 1×1 Botafogo – Libertadores
  • 17/03/24 – Botafogo 2×1 Sampaio Corrêa – Taça Rio
  • 27/03/24 – Boavista-RJ 0x4 Botafogo – Taça Rio
  • 31/03/24 – Botafogo 2×0 Boavista-RJ – Taça Rio
  • 14/04/24 – Cruzeiro 3×2 Botafogo – Brasileiro Série A
  • 17/02/24 – Fortaleza 1×1 Cruzeiro – Brasileiro Série A

Histórico do Cinturão

O primeiro jogo por um torneio no país ocorreu em 3 de maio de 1902. A Associação Atlética Mackenzie College bateu o Sport Clube Germânia por 2 a 1 pelo Campeonato Paulista. Na sequência, mais quatro embates de invencibilidade do Mackenzie: Internacional-SP (1 a 1), Paulistano (2 a 2), Germânia (2 a 0) e São Paulo A.C. (4 a 4).

No dia 4 de outubro de 1902, o Paulistano ganhou do Mackenzie por 3 a 0 e passou a ser o ‘dono’ do Cinturão. Só que no duelo seguinte, o ‘troféu’ foi transferido para o desafiante, o São Paulo A.C., que derrotou o então “campeão” por 2 a 1.

Os jogos foram acontecendo. Um time segurava o “cinturão” na medida em que conseguia manter a invencibilidade. Se perdesse, o adversário herdava o trono. Passaram-se anos, décadas e mais de um século. Nesse intervalo, de acordo com as contas de Michael Serra, houve 4.225 jogos valendo o título simbólico.

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