Leila Pereira, presidente do Palmeiras, deu forte declaração sobre o caso Daniel Alves em entrevista ao ge.globo. A Justiça da Espanha condenou o ex-jogador a quatro anos e meio de prisão por estuprar uma jovem na boate Sutton, em Barcelona, em dezembro de 2022. No entanto, o brasileiro está em liberdade condicional após pagar valor à instituição do país europeu.
Por 1 milhão de euros (cerca de R$ 5 milhões), Daniel Alves pôde deixar a prisão. Ele segue em liberdade até que o caso seja julgado em todas as instâncias – período estimado de dois anos.
Uma pessoa já condenada e que está solta. Por quê? Pagou. Então, para estuprar, você paga. A mulher tem um preço para ser estuprada. Você paga e é solto, não acontece absolutamente nada. Aquilo é revoltante.
Leila Pereira, em entrevista ao ge
A presidente do Palmeiras disse ter ficado indignada com o desdobramento do caso. “É um tapa na cara de cada uma de nós. Enquanto não houver punição exemplar, essas aberrações vão continuar”, completou.
Em seguida, Leila fez um apelo às mulheres e pediu para que elas denunciem agressores e assediadores. “A coisa que o agressor mais odeia é o escândalo, eles gostam de agir na penumbra”.
Silêncio na CBF
Quando chefe de delegação da Seleção Brasileira masculina, Leila Pereira se posicionou sobre as condenações de Daniel Alves e também de Robinho. O ex-atacante foi condenado a nove anos de prisão pela Justiça Italiana por estuprar uma mulher albanesa no país europeu, em 2013.
“Esse assunto surgiu e ninguém falava. Ninguém falava absolutamente nada. Eu não me posicionei espontaneamente, fui perguntada por um jornalista qual seria a minha posição”, explicou a presidente sobre sua postura.
Danilo, lateral-direito, foi o primeiro jogador da Seleção Brasileira a se posicionar. Ele pediu que a CBF se engaje no processo e que passe a tratar do tema desde as categorias de base.
Dorival Júnior, treinador, disse que “se houve realmente e (foi) comprovado algum tipo de crime, tem que ser penalizado, por mais que doa falar isso a respeito de uma pessoa que tive um convívio excepcional”.
Papel dos homens nesses casos
Posteriormente, Leila Pereira pediu para que perguntem aos homens por qual motivo eles não se manifestam, assim como disse acreditar que a imprensa tem papel fundamental na repercussão de casos como esses.
Para ela, os homens devem protestar contra companheiros condenados: “Eu recebi nas minhas manifestações a respeito desse problema do Daniel Alves e até do Robinho muitos elogios de mulheres, mas também de homens. Mas agora ele pegar o microfone e falar, eu não sei o porquê que eles são mais reprimidos, entende? Mas a mim, vários homens (falaram). Por quê? O homem tem filha, tem irmã, tem esposa, tem mãe, todo mundo tem uma mulher importante dentro de casa”.
A presidente, tantas vezes chamada de corajosa por ter se expressado, disse que apenas fala o simples, “a verdade”.
Bandeira feminista
Leila Pereira disse que nunca planejou levantar bandeiras feministas, mas que aproveita as oportunidades que a vida dá e que hoje levanta: “Poxa vida, eu posso colaborar com esse tema, eu posso colaborar com o meu gênero como mulher”. Na caminhada, percebeu que a mulher não é obrigada a aguentar certas situações por ser mulher.
